Por Ivonete Lucirio
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Um paciente que se descobrisse portador do vírus da Aids, há pouco mais de uma década iniciava seu tratamento tomando cerca de 30 comprimidos por dia. Era uma verdadeira tortura. “Sentia-me como se estivesse comendo um cachorro vivo, e este cachorro me comia por dentro”, descreveu o cantor e compositor Renato Russo, que faleceu vítima da doença. “Os esquemas terapêuticos são variados, dependendo da fase da doença.
O número de comprimidos ou até o medicamento injetável dependem de cada esquema”, diz o infectologista David Uip, diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Mas não se pode negar que, hoje, a situação já melhorou bastante: no geral, para se combater o HIV são necessários três comprimidos, duas vezes ao dia.
O coquetel contra a Aids é apenas um exemplo de uma tendência da indústria farmacêutica: reduzir cada vez mais o número de vezes que uma droga precisa ser tomada por dia, até se chegar a extremos em que remédios possam ser ingeridos uma vez ao ano e com a mesma eficácia das drágeas diárias. “O objetivo médico e da indústria farmacêutica é ministrar o menor número de comprimidos, em doses cada vez mais espaçadas, com reduzidos efeitos adversos”, explica Uip.
Essa tendência não significa que haja uma redução na dosagem, que continua sendo a mesma – para garantir a eficiência do tratamento e também o grau de toxicidade. O que muda é a posologia (o número de vezes que cada medicamento deve ser ingerido). “O objetivo principal é tornar o tratamento menos penoso para o paciente e, assim, aumentar a aderência”, explica André Feher, diretor médico do laboratório Novartis. Ou seja, garantir que a droga será tomada pelo tempo certo, exatamente como o médico indicou. “Quando temos uma sinusite é preciso tomar a antibiótico de 8 em 8 horas por 14 dias.
No início, o paciente cumpre o cronograma direitinho. Mas, por volta do quarto dia, quando os sintomas diminuem, a pessoa para de tomar o remédio”, explica o cardiologista Sandrigo Mangini, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Imagine como isso se complica no caso de doenças assintomáticas, como hipertensão arterial e aterioesclerose, que exigem um tratamento longo. Diante de uma grande quantidade de comprimidos, fica difícil manter a regularidade”. Nesses casos, reduzir a posologia é ainda mais importante. (...) segue
Fonte : VivaSaúde