"Diabetes tipo 3"
![]() |
Além do pâncreas, outros órgãos estão envolvidos na regulação dos níveis de açúcar no sangue. Um deles, em particular, tem sido alvo de investigações exaustivas nas últimas duas décadas: o cérebro. As células neurais, já se sabe, têm um papel importante na produção do hormônio insulina e na estocagem de açúcar no sangue. Atualmente, os pesquisadores analisam a relação desse hormônio com o aparecimento de doenças neurológicas. Alterações nos níveis de insulina no cérebro passaram a ser associadas a distúrbios neurodegenerativos, como Alzheimer, Parkinson e Huntington. Isso porque o hormônio é fundamental nas funções de cognição e memória. "Em estudos com pacientes que usaram um spray nasal contendo insulina, houve uma melhora imediata nessas funções cerebrais", diz o endocrinologista Freddy Eliaschewitz.
Um estudo da Universidade Brown, nos Estados Unidos, comparou os níveis de insulina no cérebro de pessoas saudáveis com os de pacientes com Alzheimer. O hormônio era quatro vezes mais abundante nas áreas associadas a aprendizado e memória no grupo das saudáveis. Elas também apresentavam dez vezes mais receptores de insulina no cérebro. Outras pesquisas mostram que as vítimas de diabetes são duas vezes mais propensas a desenvolver o distúrbio. Por causa da relação tão estreita, alguns médicos já se referem ao Alzheimer como "diabetes tipo 3". A falta de insulina também foi detectada entre doentes de Parkinson e Huntington. Por causa disso, pelo menos metade das vítimas de Parkinson tem níveis de glicose alterados. Não há ainda uma resposta definitiva sobre os mecanismos pelos quais a insulina altera o funcionamento do cérebro. Uma das hipóteses é que a deficiência do hormônio resultaria na produção de placas tóxicas de proteína na região cerebral e, conseqüentemente, na morte de neurônios.
Fonte: Revista Veja edição 2064
Nenhum comentário:
Postar um comentário