É bom saber que a doença de Parkinson não atrapalha, hoje, o ator Paulo José, como vimos na matéria "A vigorosa fase do ator Paulo José" (Magazine, 15.3). Ele ficou nove anos longe dos palcos, sinal de que a doença já o atrapalhou. Passou por inúmeros tratamentos que lhe têm permitido a convivência com a doença. No final do ano passado, fez uma cirurgia: implantou eletrodos no cérebro. Dizia-se "biônico".
Gasta-se muito para tudo isso. Não basta a vontade. Um trabalhador comum não poderia pagar por sessões de hidroterapia, fonoaudiologia e psicoterapia. Um parkinsoniano comum não consegue trabalhar oito horas por dia e enfrentar mais algumas horas dentro de um ônibus. Há muitas limitações, e creio que a falta de dinheiro é a maior para quaisquer doenças.
O tipo de profissão também representa um entrave. O ator é, realmente, um exemplo de perseverança, mas ele não é um comerciário, um operário da construção, tampouco um professor.
Ouvi, há tempos, Jorge Amado em um congresso. Comprei o livro "A morte e a morte de Quincas Berro D’Água". No momento do autógrafo, ele falou: "Ah! Escolheu o defunto debochado!". Ao ler a matéria em O TEMPO, lembrei-me do fato. Se Paulo José conseguiu fazer o papel do defunto anárquico, deve estar realmente bem. A tremedeira habitual não permitiria tal posição. Difícil não se abater quando os músculos enrijecem. Mas é possível brincar e pensar em outras coisas.
Fonte : O Tempo Online
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