Embora o parto normal seja o mais indicado na maioria das gestações, as cesarianas ocorrem em mais da metade dos nascimentos no Brasil. As razões desse descompasso passam por comodidade de médicos e pacientes e mito do sofrimento e risco do parto vaginal.
Por: Thaís Fernandes
No Brasil, a cesariana tem se tornado a via de parto mais comum, apesar dos riscos para a mãe e o bebê associados a essa cirurgia. (foto: Todd Anderson/ Flickr – CC BY-NC-ND 2.0)
Atualmente, mais da metade dos bebês nascem por meio de cesarianas no Brasil, embora pesquisadores, entidades internacionais e associações médicas, baseados em dados científicos, recomendem a realização de partos normais quando não há risco para a mãe ou para o bebê – situação de cerca de 80% das gestações. Mas, se as evidências sugerem o uso criterioso das cesarianas, por que, na prática, cada vez menos mulheres dão à luz filhos em partos normais?
Os motivos desse descompasso vão além das indicações médicas e parecem estar enraizados em uma cultura – também presente nos Estados Unidos, Irlanda, Rússia, República Tcheca, França e Bélgica – que valoriza a medicalização e o uso de alta tecnologia no processo de nascimento. Essa tendência começou a se estabelecer no Brasil a partir da metade de século 20, quando o parto passou a ser visto como um evento médico hospitalar e o modelo de assistência domiciliar, baseado em parteiras, foi substituído – ao menos na área urbana – por outro que incorpora cada vez mais metodologias diagnósticas e intervenções médicas.
Segundo a ginecologista e obstetra Maria Helena Bastos, consultora nacional em saúde da mulher da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Índia, China e Brasil – respectivamente, primeiro, segundo e oitavo países do mundo em número de nascimentos por ano – tiveram rápida medicalização do parto e crescimento de suas taxas de cesariana como resultado de esforços para reduzir a mortalidade materna e neonatal.
Os motivos desse descompasso vão além das indicações médicas e parecem estar enraizados em uma cultura – também presente nos Estados Unidos, Irlanda, Rússia, República Tcheca, França e Bélgica – que valoriza a medicalização e o uso de alta tecnologia no processo de nascimento. Essa tendência começou a se estabelecer no Brasil a partir da metade de século 20, quando o parto passou a ser visto como um evento médico hospitalar e o modelo de assistência domiciliar, baseado em parteiras, foi substituído – ao menos na área urbana – por outro que incorpora cada vez mais metodologias diagnósticas e intervenções médicas.
China e Brasil são primeiro e segundo países no ranking mundial de cesarianas desnecessárias, que resultam em um custo combinado por ano de mais de 553 milhões de dólares
Essas mudanças nas práticas obstétricas se refletem no aumento dos índices de cesarianas no Brasil. Um estudo feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2010 identificou a China e o Brasil como primeiro e segundo países no ranking mundial de cesarianas desnecessárias, que resultam em um custo combinado por ano de mais de 553 milhões de dólares.Segundo a ginecologista e obstetra Maria Helena Bastos, consultora nacional em saúde da mulher da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Índia, China e Brasil – respectivamente, primeiro, segundo e oitavo países do mundo em número de nascimentos por ano – tiveram rápida medicalização do parto e crescimento de suas taxas de cesariana como resultado de esforços para reduzir a mortalidade materna e neonatal.
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