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segunda-feira, 11 de abril de 2011

TERAPIA GENÉTICA TEM SUCESSO PARA TRATAR PARKINSON



Terapia genética pode vir a ser opção para tratar rigidez muscular, tremores e lentidão de movimentos, sintomas da doença de Parkinson.


Pesquisadores de sete centros dos Estados Unidos mostraram que a transferência de uma enzima chamada GAD (descarboxilase glutâmica), implantada diretamente no cérebro do doente, recupera parte de seus movimentos.

Esse foi o primeiro estudo bem-sucedido sobre transferência genética em Parkinson. Os resultados foram divulgados ontem na edição virtual do periódico médico "Lancet Neurology".

A doença de Parkinson provoca a degeneração dos neurônios na área da substância negra do cérebro, diminuindo a produção de dopamina e comprometendo o circuito nervoso envolvido na coordenação motora.

No trabalho, os pesquisadores de instituições como a Universidade de Stanford e Massachusetts General Hospital usaram um vírus como vetor da enzima GAD, responsável por produzir o neurotransmisor Gaba (ácido gama-aminobutírico), encontrado em pouca quantidade em quem sofre de doença de Parkinson.

Ao todo, 45 pessoas que tinham a doença havia mais de cinco anos foram divididas em dois grupos.

No primeiro grupo, a enzima foi injetada no cérebro. O neurotransmissor Gaba ajudou a regular o excesso de glutamato, causado pela diminuição da dopamina.

Os pacientes do outro grupo, em vez de material genético, passaram por cirurgia em que só receberam solução salínica inócua no cérebro.

Seis meses depois do experimento, houve recuperação de 23% dos movimentos nos pacientes tratado com a terapia genética.

No grupo-controle, a melhora foi de 12%. A hipótese dos autores é a de que o efeito placebo causou isso.


PROMISSOR

Os resultados são "seguros, benéficos e promissores", diz o neurologista Henrique Ballalai Ferraz, da Unifesp. "Abre um rumo para que nos novos estudos sejam testados com mais pessoas. O caminho é por aí."

Ferraz afirma que a terapia genética poderá até substituir os atuais procedimentos cirúrgicos. "É menos invasiva e mais natural", compara.

Para Carlos Roberto de Mello Rieder, do departamento científico de transtornos do movimento da Academia Brasileira de Neurologia, falta comparar a eficácia dessa terapia com as tradicionais.

"O estudo mostrou um avanço. O próximo passo é checar se ele recupera mais do que o que já existe."

Para a neurologista Patrícia de Carvalho Aguiar, do setor de transtornos dos movimentos da Unifesp, o melhor é que a terapia se mostrou segura, mas falta provar a durabilidade dos efeitos.