Desde que começaram a ser objeto de experimentos em laboratório há mais de duas décadas, as células-tronco guardam a promessa de revolucionar a medicina. Com o potencial de se tornarem qualquer tecido do corpo, elas teoricamente poderiam ser usadas para fabricar órgãos para transplante, acabando com a espera por doadores, para regenerar tecidos danificados por doenças ou traumas, como paralisias devido a acidentes e a morte de neurônios no mal de Parkinson.
Experimentos realizados no Japão trouxeram mais para perto da realidade um destes usos. No ano passado, cientistas da Universidade de Kyoto realizaram testes com macacos que mostraram que é possível implantar neurônios derivados de células-tronco no cérebro dos animais sem que seu sistema imunológico reaja destruindo-os, revelando-se um possível tratamento efetivo do mal de Parkinson em humanos.
A técnica desenvolvida pelos pesquisadores da Universidade de Kyoto abriu caminho para testes clínicos em humanos que poderão receber tratamento para a doença de Parkinson mais rápido do que o previsto, o que recentemente estava estimado acontecer depois de 2016.
O professor Jun Takahashi e sua equipe do Center for iPS Cell Research and Application explicaram que será usado o sangue de pacientes com a doença degenerativa do cérebro para criar as células-tronco de pluripotência induzida (iPS, na sigla em inglês), e assim cultivá-las para procriar um grande número de neurônios, então inseri-los nos cérebros dos participantes.
Os voluntários serão acompanhados de perto por mais de um ano. A equipe irá monitorar a evolução do tratamento, verificando possíveis progressos, tais como regressão da doença através da melhora na função cerebral, conforme testes realizados em animais.
A equipe já verificou os efeitos terapêuticos dos neurônios implantados derivados de células-tronco em testes com camundongos e primatas. Segundo eles, “os resultados foram mais do que satisfatórios”. O objetivo da equipe agora é apresentar uma proposta para tratamento em humanos, que incluirá seis participantes, a ser realizado em um laboratório da Universidade de Kyoto no início do próximo ano. Os testes, no entanto, podem começar antes, assim que receber a aprovação do Ministério da Saúde.
De acordo com Takahashi, a técnica desenvolvida por sua equipe é 20 vezes mais eficaz do que os métodos anteriores, bem como a forma de selecionar células-tronco adequadas para a implantação. O trabalho será publicado esta semana pela revista científica Stem Cell Reports, dos Estados Unidos.
(Do Mundo-Nipo com informações dos jornais japoneses ‘Nikkei’ e ‘The Asahi Shimbun’)