(Jorge Nagao)
Muitas amigas me visitam. Elas entram pela janela da minha mente ou pela porta do meu coração. Bem ou mal, elas dão vida à minha vida.
A Alegria, por exemplo, é uma figura. Simpática, bom papo, conta piada, mas fica pouco tempo. Muitas vezes leva meses para retornar.
A Paz que tanto espero, entra tímida e fica calada. Gosto de seu jeito sereno mas não sei o que fazer com ela. Educada, ela logo vai embora.
A Esperança, linda e tagarela, me promete a felicidade. É crer para ver.
A Solidão vem sempre. Gosto dela, me faz pensar. Mas é só chegar alguém pra ela, muito grossa, sair de fininho.
A Tristeza é aquela visita chata, demorada. Até que ela se cansa e diz até amanhã! Amanhã? Por isso é que se diz que uma visita sempre dá prazer: quando chega ou quando vai.
A Impulsividade me traz problemas. Perco o foco, compro supérfluos e quando caio na real, adeus reais! Preciso cortar os impulsos porque os pulsos nem pensar.
A Dúvida me assalta. Amiga assim é uma roubada.
Outra chata é a Ansiedade. Sempre apavorada, ela me deixa tenso o tempo todo.
A Angústia é a mais terrível. Aparece como quem não quer nada, sempre sorumbática. Só vai embora quando eu lhe dou um chá de sumiço.
A Doença é uma enxerida. Sou vacinado contra ela. Então ela sai com aquela cara de “qualquer dia eu te pego de jeito!”
A Inveja vive me tentando. A danada acha que sou muito conformado, que preciso ter isso, comprar aquilo. Que mala!
A Indignação é a minha advogada. Com ela, viro caixa e dou o troco na hora.
A Raiva anda sumida. Mas ela é como um bom zagueiro: não faz falta.
Está na hora de fazer um recall dessas amizades. Descartar algumas e procurar outras. A Ousadia acho que seria uma boa amiga. A Determinação, também.
Mas olha só quem chegou? A minha amiga mais louca, a Fantasia. Vamos viajar para a cidade dos sonhos. Quer vir com a gente, Paciência?
- Não, não me dou com essa aí. Boa viagem.- sussurra ela.
- Obrigado, amiga. Qualquer coisa te ligo.- respondo.
Não sei não, a Fantasia já me fez perder a Paciência...