E sorri.
Por dentro de você um festival de gostosuras!
A vela continua balançando as sombras vivas das
coisas livres.
Você fica à mesa o tempo que quiser. Quando se der por satisfeita, levanta-se e leva para o quarto o castiçal, a flor, o silêncio, a vida. E a garrafa com o vinho que sobrou. Deita-se do modo mais confortável. Nenhuma expectativa, só o coração pulsando de alegria e sossego. Tira a roupa devagar. Passa óleo de amêndoas pelo corpo, respira fundo duas ou três vezes.
As mãos, bailarinas que deslizam pelos seios, dançam o que há de melhor. Acariciam. Então você enfia a mão direita por dentro da calcinha, sente o monte de Vênus, a floresta de pêlos macios, desbrava essa incógnita que atende pelo nome de menina. Passa os dedos leves nos seus lábios úmidos de amor, espalha delícias por todos os pontos, por todos os poros. (O dedo médio é o máximo!).
Olhos fechados, você vai coleando, movendo-se numa coreografia de cobra em êxtase. Caminha até o topo da pequena montanha.
E vai tocando como se tocasse música. Demoradamente.
Você vai se tocar como nunca – como sempre.
Tua mão esquerda nos seios, no umbigo, na garganta, na clavícula, na boca. E a música aumentando, aumentando, de tal forma que você é capaz de ouvir teu sangue correr por sob a pele. Há um rio dentro agora de você, fluente. E logo logo esse rio vai transbordar.
De alegria. De prazer. De tesão.
Então você viverá o maior orgasmo da tua vida.
Em seguida, sorrindo, você começa a abrir os olhos – e as outras portas do paraíso também, uma a uma. Depois, com o restinho de luz que a vela estiver dando, pega um livro de poesia para ler. Pode ser Rilke, Paritosh, Adélia, Cecília, Pessoa, Leminski, qualquer.
Talvez Neruda, como este: "Aqui llevo la luz compañera / y la extiendo hacia el mar / y abrirá su cuerpo en la noche / y yo duermo cubierto de estrellas / y canto / y llegará la mañana / con su rosa redonda en la boca / yo canto / yo canto / yo canto / yo canto."
Com certeza, você viverá hoje o mais belo sonho possível nos braços abertos do Amor, antes de seguir – livremente – em direção ao infinito de todas as coisas.
É a vida!
Bom dia!!