AFINAL, O QUE É A DOENÇA DE PARKINSON (DP)?
Doença de Parkinson afeta milhões de pessoas
em todo o mundo e, embora não tenha cura, a verdade é que não coloca em risco a
vida do doente, mas sim altera-a profundamente. Saiba quais os principais
cuidados a ter com uma pessoa que sofre da doença de Parkinson.
A Doença De Parkinson Requer Tempo E Paciência
Quem sofre da doença de Parkinson vê a sua
vida a abrandar drasticamente, uma vez que a mobilidade limitada e mais lenta
faz com que todas as tarefas diárias se realizem muito mais devagar. Quem lida
com um doente com Parkinson também precisa de interiorizar esta nova realidade
– as novas palavras de ordem são tempo e paciência. Se expressa a sua
impaciência e pressa ao doente, ele provavelmente tentará apressar-se mas, não
conseguindo, irá ficar frustrado e até zangado, tornando todo o processo ainda
mais lento. Quando acompanhar o doente com Parkinson em qualquer atividade ou
tarefa, certifique-se que tenha tempo suficiente para completá-la. A paciência
vai-se ganhando, basta imaginar-se na situação do doente.
Cansaço E Pausas
Embora o doente com Parkinson efetue a sua
rotina diária muito devagar e, com o passar dos anos, de forma cada vez mais
lenta, o cansaço é um dos principais sintomas desta doença e outro obstáculo no
dia-a-dia de quem vive com Parkinson. Saiba que quem tem esta doença precisa de
descansar várias vezes ao dia, normalmente entre cada atividade realizada e por
vezes até a meio das mesmas – algumas das quais podem ter mesmo de ficar por
terminar. As noites bem dormidas são essenciais para os doentes com Parkinson
(de preferência com a cabeça ligeiramente elevada), mas como as insónias são um
dos sintomas recorrentes nesta doença, a pessoa deve evitar dormir demasiado
durante o dia. Procure formas de ajudar e facilitar a vida do doente, para que
este possa conservar o máximo de energia possível – se fizer demais num dia, no
dia seguinte poderá ter de ficar em repouso.Quer o doente com Parkinson viva sozinho ou com familiares, é importante que a sua casa esteja preparada adequadamente para facilitar a sua vida e ultrapassar as limitações impostas pela própria doença. Pequenas adaptações como: organizar a cozinha, casa de banho/banheiro, quarto e outras divisões de forma a colocar os objetos mais utilizados num local de fácil acesso; retirar tapetes escorregadios e ocultar fios elétricos; instalar um chuveiro de mão e uma cadeira de banho; colocar uma sanita mais elevada na casa de banho; ajustar a altura da cama; instalar barras de apoio nas divisões mais frequentadas (junto à cama, no WC, nos corredores…). Embora se deva estimular a independência do doente com Parkinson, poderá ser preciso ajudá-lo nas limpezas domésticas, nas compras de supermercado e no tratamento da roupa (lavar, estender, apanhar passar a ferro) ou então contratar alguém para o efeito.
A perda de peso e a obstipação são dois sintomas que afetam, frequentemente, os doentes com Parkinson. Nesse sentido, é importante manter uma dieta equilibrada, com particular destaque para as fibras. A perda de peso em doentes com Parkinson deve-se a vários fatores: os tremores frequentes queimam muitas calorias; as alterações cerebrais podem suprimir o apetite e/ou acelerar o ritmo metabólico; as náuseas e alterações do sentido de olfato frequentemente sentidas por estes doentes podem diminuir a vontade de comer; o cansaço e a fraqueza dos braços pode tornar a hora das refeições extremamente cansativa e o doente acaba por desistir; dificuldades em mastigar e engolir podem ter o mesmo efeito. Como ajudar? Proporcionar alimentos que são fáceis de ingerir e com uma apresentação e aroma atrativos; disponibilizar talheres leves e de fácil manuseamento; utilizar palhinhas sempre que possível; evitar pressas à hora das refeições; fazer várias refeições ao longo do dia, mas mais pequenas para evitar o cansaço.
Medicamentos
A toma dos medicamentos prescritos para a doença de Parkinson é fundamental porque ajudam a atenuar ou a estabilizar os principais sintomas, conferindo uma maior qualidade de vida ao doente. Faça questão de administrar os fármacos diariamente, à mesma hora, sendo mais fácil gerir a sua distribuição ao longo do dia com o recurso a uma caixa própria para compridos, dividida para acompanhar as principais refeições. Siga sempre as indicações do médico e nunca altere a dosagem sem o seu consentimento. Leia atentamente todos os folhetos informativos, de forma a familiarizar-se com as possíveis interações medicamentosas e efeitos secundários, informando de imediato o médico se o doente não se sentir bem com qualquer medicamento. Por outro lado, também é importante registar quais os medicamentos que melhore funcionam com o doente.
Higiene Pessoal
A higiene pessoal é precisamente isso – muito
pessoal e o doente com Parkinson deve ser incentivado a tratar de si sozinho, o
máximo possível, pedindo ajuda sempre que necessário, claro está. Existem
várias formas de ajudar o doente indiretamente: motive-o a realizar a sua
higiene pessoal sentado (secar e pentear o cabelo, lavar os dentes, colocar
creme…); providencie uma escova de dentes elétrica (mais prática, menos
cansativo); as escovas de cabelo devem ter pegas adequadas; utilizar um roupão
de banho em vez de uma toalha; evitar banhos muito quentes, uma vez que podem
contribuir para o cansaço. Mesmo o ato de vestir e de calçar deve ser
maioritariamente feito na posição sentada para evitar fadiga desnecessária e
eventuais desequilíbrios.
Exercício Físico
Pode parecer um contrassenso mas a prática
regular de exercício físico pode contribuir para o aumento dos benefícios dos
medicamentos de Parkinson, pode combater a depressão e ajudar o doente a
sentir-se bem física e mentalmente. São três os principais tipos de exercício
que um doente com Parkinson deve procurar praticar: alongamentos para assegurar
a flexibilidade das articulações e dos tecidos moles; exercícios de resistência
para fortalecer os músculos abdominais e de costas; exercício aeróbico para
manter a saúde cardio-respiratória. Desde natação, ioga, pilates ou simples
caminhadas, o importante é manter o doente ativo, motivando-o com a organização
de atividades desportivas divertidas, em grupo ou acompanhadas por um amigo ou
familiar. Outra alternativa é a fisioterapia – consulte o médico do doente
antes de iniciar qualquer tipo de tratamento.
Lazer E Convívio
É fundamental manter um doente com Parkinson
ativo, independente e interessado pela vida – afinal de contas, essa pessoa
pode continuar a desfrutar das coisas boas da vida, estas requerem apenas
algumas pequenas alterações. Apesar de a mobilidade ser o principal obstáculo
na vida de um doente com Parkinson, há que manter essa pessoa mentalmente
ativa, estimulando a sua criatividade, inteligência e imaginação. Entre a
leitura, a jardinagem, o cinema e a música, existem um sem número de atividades
que podem trazer experiências positivas para uma pessoa que sofre de Parkinson
– para além de promover antigos passatempos e gostos, incentive a pessoa a
procurar novas ocupações. Os doentes com Parkinson têm uma tendência natural para
se isolarem socialmente, uma vez que sentem já não serem a pessoa que eram e
têm receio e/ou vergonha da reação das outras pessoas. A doença de Parkinson
não significa o fim da vida, mas sim o início de um novo capítulo, onde
continua a haver espaço para a família, os amigos e o convívio social. O
isolamento, pessoal ou profissional (muitos doentes com Parkinson continuam a
trabalhar durante muito tempo) é algo que deve ser evitado ao máximo.
Apoio Emocional
Cerca de 50% dos
doentes com Parkinson sofre de depressão numa ou noutra altura da sua doença –
é natural, tendo em conta as suas crescentes limitações e dependência nos
outros. Alguns dos principais sinais aos quais é necessário estar atento
incluem: ansiedade, apatia, irritabilidade, tristeza, fadiga, perturbações de
sono, problemas de concentração, sentimentos de inferioridade, baixa
autoestima, isolamento, perda da vontade de socializar, perda de apetite, perda
ou aumento de peso, falta de libido, tendências suicidas. Embora uma depressão
deva ser acompanhada por um médico, existem várias coisas que pode fazer para
animar o doente e ajudá-lo a ver a sua nova realidade com outros olhos: passar
tempo de qualidade juntos, organizar programas divertidos, envolver a família e
amigos do doente. Principalmente, ser um bom ouvido e assegurar ao doente com
Parkinson que está do seu lado para tudo aquilo que for preciso.
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