Até o final da década de 1980, quando uma pessoa morria subitamente, logo diziam que tinha sofrido um infarto. Com o avanço das pesquisas genéticas, percebeu-se que muitos desses eventos eram provocados por anormalidades genéticas - presentes no DNA do indivíduo. Com essa informação, novas doenças causadoras de morte súbita foram descobertas, dentre elas a Síndrome de Brugada.
A doença é responsável por até 20% dos eventos de morte cardíaca súbita e ocorre de oito a 10 vezes mais em homens do que em mulheres. Na média global, atinge cinco a cada 10 mil habitantes do planeta. Por razão desconhecida, o número de casos muda em determinadas regiões.
A síndrome acontece por uma disfunção dos canais iônicos cardíacos, responsáveis pela condução do estímulo elétrico, ou seja, o impulso cardíaco. Essa mutação pode causar uma arritmia ventricular fatal e levar o indivíduo à morte inesperadamente.
Manifestações Clínicas
A Síndrome de Brugada é praticamente assintomática (não apresenta sintomas), embora de 17 a 42% dos indivíduos com a doença sofram com desmaios.
Os episódios de morte cardíaca súbita geralmente acontecem durante o sono ou em um momento de repouso.
O diagnóstico
O diagnóstico é difícil de ser realizado. Muitas vezes, pacientes que têm a doença fazem exames como ecocardiograma, teste ergométrico e raios-X e o resultado não é suficiente para a detecção da síndrome.
A dificuldade se dá porque essa anormalidade acontece em nível molecular e só pode ser detectada por meio de algumas “pistas” e da junção de informações.
A primeira suspeita para o diagnóstico de Síndrome de Brugada é uma alteração na onda de batimentos cardíacos do indivíduo, detectada no eletrocardiograma. Se o paciente tiver essa alteração, precisa de mais uma das condições abaixo para que o diagnóstico seja efetivado. São elas:
- Histórico familiar: morte súbita, na família, de indivíduo com menos de 45 anos ou alteração eletrocardiográfica típica;
- Desmaios ou respiração agônica noturna;
- Arritmia grave já detectada anteriormente.
Um recurso que pode auxiliar no diagnóstico é o teste farmacológico com Ajmalina. A substância é injetada no indivíduo e bloqueia os canais de sódio do coração, induzindo a anormalidade, que fica mais evidente em quem tem o problema.
Tratamento
Os medicamentos antiarrítmicos não protegem o indivíduo da morte súbita. Por isso, o implante de um cardioverssor-desfibrilador - que dá um choque elétrico no coração caso ele sofra uma parada cardíaca - é uma forma de terapia eficaz e capaz de salvar o paciente em caso de um evento cardíaco grave.
Brugada no Einstein
“Como a doença é assintomática e pode levar à morte subitamente, o diagnóstico prévio e preciso é fundamental para proteger a vida do indivíduo. O Einstein conta hoje com todos os instrumentos necessários para a realização segura desse diagnóstico, inclusive os testes farmacológicos”, afirma a coordenadora do Centro de Arritmia da instituição, Dra. Fátima Cintra.
Fonte : www.einstein.br