Sergey Brin propõe um novo tipo de ciência para descobrir os segredos da doença – rapidamente.
By Thomas Goetz - Extraído da revista Wired
Setembro/2011 - Alguns dias por semana, depois de um dia de trabalho na sede de Google, em Mountain View, Califórnia, Sergey Brin desloca-se de carro até uma piscina local. Ali, muda para os calções de banho, sobe para uma prancha de 3 m e mergulha. Actualmente, anda a treinar as piruetas. «Sai-se com muita força e depois tem que se torcer logo. Faz acelerar o coração, de facto.»
Tem um benefício extra: com cada mergulho, Sergey ganha um pouco de vantagem contra o risco de algum dia desenvolver a doença neurodegenerativa de
Parkinson. Escondida bem fundo em cada uma das células do corpo de Sergey Brin – num gene chamado LRRK2 –, está uma mutação que tem sido associada com maior incidência à doença de
Parkinson.
Nem todos os que têm
Parkinson têm a mutação, e nem todos os que têm a mutação têm a doença. Mas aumenta realmente a hipótese de que a doença de
Parkinson se declare algures na vida do portador entre 30 e 75%. (Por comparação, o risco para um americano médio é de 1%). Sergey, por seu lado, divide a diferença e calcula que o seu ADN lhe dá 50% de hipóteses.
É aí que entra o exercício. A
Parkinson é uma doença pouco compreendida, mas a investigação associou uma série de comportamentos com incidências mais baixas da doença, começando pelo exercício.
«Digamos que, com base na dieta, exercício e assim, consigo baixar o meu risco para metade, para cerca de 25%», diz. O progresso constante da neurociência, estima Sergey Brin, cortará o risco por outra metade – ficando as suas hipóteses globais de desenvolver
Parkinson em cerca de 13%. São só estimativas, mas ele é extremamente convincente.
Sergey Brin, é claro, não é um qualquer indivíduo de 37 anos. Como parte do duo que fundou a Google, vale cerca de 20 000 milhões de dólares. Desde que descobriu que é portador da mutação LRRK2, Sergey já contribuiu com cerca de 50 milhões para a investigação da
Parkinson. O suficiente, calcula ele, para «fazer mexer a agulha». Face ao acelerar da investigação de medicamentos e curas possíveis, Sergey Brin ajusta o seu risco global para baixo, «algures abaixo dos dez por cento».
Soa tão pragmático que podemos quase não perceber um facto notável: muitos filantropos financiaram investigação em doenças que eles próprios tinham. Mas Sergey Brin é provavelmente o primeiro que, baseando-se em testes genéticos, começou a financiar investigação científica na esperança de escapar à doença em primeiro lugar. A sua abordagem é notável por outra razão.
A maior parte da pesquisa em
Parkinson, tal como muita da pesquisa em medicina, baseia-se no método científico clássico: hipótese, análise, revisão de pares, publicação. Sergey Brin é a favor de uma forma mais «googlista» de ciência – ele quer recolher dados primeiro, depois formular a hipótese e a seguir encontrar padrões que levem a respostas. (segue...)
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