O psicanalista Joel Birman analisa as formas de sofrimento na atualidade.
A grande preocupação do psicanalista e pesquisador Joel Birman com o Mal-estar na atualidade (título de um livro seu publicado em 1999 pela editora Civilização Brasileira) passa também pela questão da linguagem e das novas formas de sofrimento no mundo atual. Na verdade, ela originou-se de uma discussão com dois professores franceses, Michel Tort e Monique David-Ménard, em torno de um texto clássico de Freud, O mal-estar na civilização, escrito em 1930, ou seja, numa época em que começava a haver grandes turbulências na Europa, realidade que desde então não cessou de se agravar.
“Parti, em minha pesquisa, da constatação inicial de que as formas de sofrimento apresentadas pelas pessoas hoje são bastante diferentes do que eram na época clássica da psicanálise, na época de Freud”, afirmou Birman, professor do Instituto de Medicina Social da Uerj e do Instituto de Psicologia da UFRJ, com doutorado em Filosofia pela USP e pós-doutorado pelo Laboratoire de Psichopathologie Fundamentale et Psychanalyse (Université Paris VII). Até os anos 1960, havia certo padrão de queixa, de forma de sofrer, de demanda de cuidado. A partir de então, lenta e progressivamente, ocorreu uma mudança do quadro. A subjetividade era fundamentalmente conflitual, e as pessoas, conflituadas, divididas, procuravam o psicanalista para ajudá-las a desvencilhar-se da angústia decorrente do próprio conflito. “Ora”, afirma o pesquisador, “elas só podiam se desvencilhar dela por uma compreensão maior ou melhor do que se passava, e por isso ficavam muito tempo em análise”.
Fonte : GloboUniversidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário