ROMASI
(Rogério Martins Simões)
Será que na vida não vive
Quem na vida já viveu?
Ou será que terá vida
Quem nesta vida sofreu?
Eu que morri e que vivo
Dentro do mundo que passou,
Nos versos que não morrerão
Após rasgar a vida
Irão lembrar quem chorou
E esta vida não viveu.
1971
Terça-feira, 13 de Janeiro de 2009
EM SONHO ME DEPENDUREI NO LUAR
(Óleo sobre tela
Elisabete Sombreireiro Palma)
Poucas pessoas, à excepção daquelas que verdadeiramente sofrem connosco, se apercebem da verdadeira gravidade da minha doença de Parkinson.
Gestos comuns, instintivos e rotineiros, deixam de estar ao alcance dos doentes de Parkinson. Fazer a higiene matinal que demorava 10 minutos passou a demorar mais de uma hora. Um simples apertar de um botão da camisa; um ajeitar do nó da gravata ou apertar o cinto levam-nos muitas das vezes ao desespero.
Pouco a pouco vamos perdendo a qualidade de vida. Perde-se a dicção, perde-se o movimento do rosto – chora-se o sorriso – e até a agilidade se perde quando nos queremos virar no nosso leito.
Depois sentimos culpa por já não sermos úteis, por já não ajudar nas lides caseiras, como sempre o fiz desde os meus 7 anos de idade.
O ano de 2008, que tento esquecer, foi o ano em que os desaforos da ingratidão nos foram chegando em catadupas, entristecendo e seriamente comprometendo a minha esperança.
Quem não é corrupto, e sendo um trabalhador por conta de outro, não consegue fazer fortuna.
A dependência humilha a menos que haja alguém que não cobre…
Em 2008 nem o nosso cão nos sobrou!
Depois chega a interrogação: que seria de mim sem o carinho e o amor dos meus idosos e queridos pais, Isabel Martins de Assunção e José Augusto Simões
Que será de mim sem a minha doce e solidária companheira Elisabete Sombreireiro Palma.
Falar de Elisabete Palma é falar de doação. Elisabete Palma reúne, numa só pessoa, todas as qualidades que sempre sonhei encontrar e encontrei numa companheira.
Por serem já tão raras essas virtudes é para ti o soneto que escrevi este ano e que te ofereço com tanto amor.
Rogério Martins Simões
Um comentário:
Amigo 2009 terá que ser o ano da esperança. Vamos acreditar que virá por aí o remédio para nos fazer sorrir.
Um forte abraço
Do vosso amigo poeta e sonhador
Rogério Martins Simões
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