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quarta-feira, 14 de julho de 2010
Parkinson: diagóstico, tratamento, cuidados. [PARTE17]
Quem cuida do cuidador?, [por Flavio José Kanter*]
Vive-se cada vez mais. Cada vez mais pessoas tornam-se dependentes de outras, seja por doenças e suas consequências, seja pelas limitações impostas pelo envelhecimento. O aumento da longevidade entre nós traz junto o aumento no número de cuidadores familiares. São pessoas da família que se encarregam de prover e gerenciar todas as necessidades de quem se tornou dependente.
A equipe de saúde poderia ater-se a essas necessidades: o cuidador deveria prover todas as soluções identificadas e essa tarefa é dele. O cuidador lida com tensões de sua própria existência além das que decorrem da condição de quem ele cuida. É preciso administrar cuidados, tratamentos, profissionais, lidar com hospitais, clínicas e serviços, planos de saúde, assuntos financeiros e burocráticos e com outros componentes da família. Não é pouco nem é fácil. O cuidador submetido a tensões fortes fica mais suscetível a traumas e doenças.
QUEM CUIDA DO CUIDADOR? PROBLEMA DELE?
O Journal of General Internal Medicine publicou na edição online de 9 de janeiro deste ano diretrizes éticas destinadas à relação paciente-médico-cuidador. Foram elaboradas pelo American College of Physicians, o Colégio Americano de Médicos, com apoio de 10 outras entidades médicas.
A proposta é elevar a atenção dos médicos para a importância e complexidade desta relação. Há muitas recomendações. Sugere que o respeito aos valores e crenças, direitos e dignidade do paciente devam nortear todas as interações com ele. A privacidade do paciente deve ser respeitada. A quantidade da participação do cuidador em encontros clínicos deve ser decidida pelo paciente, bem como o grau de informação que ele permite compartilhar, a não ser que suas limitações o impeçam.
Respeitados esses limites, o cuidador deve conhecer toda informação disponível, inclusive de prognóstico, para planejar ações que conduzam ao melhor resultado possível. A disponibilidade do médico para as necessidades de paciente e cuidador é estimulada. O médico deve validar sempre o papel do cuidador familiar e dos compromissos que este haja assumido para obter o melhor manejo possível do paciente. Deve estar atento ao excesso de tensão no cuidador e ajudá-lo a encontrar soluções e busca de cuidados para ele mesmo quando for o caso. Impõe-se preservar a qualidade de vida de ambos, cuidador e cuidado. É necessária muita atenção ao cuidador de doentes terminais na fase que precede a perda, e as consequências emocionais causadas por essa perda quando se aproxima ou após a morte.
Recomenda-se atenção especial para cuidadores distantes, e com os que são profissionais de saúde, para que disponham dos recursos adequados de serviços, suporte e referências. Não é incomum cuidadores que não moram na mesma casa que o paciente, e muitas vezes nem mesmo na mesma cidade. Quando o cuidador é profissional da área da saúde deve ser fornecido apoio para não ser levado a exercer papel de profissional nos cuidados de seu familiar, preservando-o desta sobrecarga indesejável.
Estima-se que nos Estados Unidos existam atualmente 30 milhões de cuidadores familiares. Não se dispõe de estimativas de quantos são entre nós, mas não são poucos. Temos que incluí-los em nossos cuidados.
FONTE: Contexto Político
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