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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os microbios estão ganhando a guerra?

Em 2003, escrevi um artigo nesta seção intitulado “ Será que os micróbios vencerão a guerra?”. Naquela ocasião, levantei uma grande preocupação quanto ao aumento da resistência das bactérias promotoras de infecções devido ao abuso no emprego de antibióticos frente a qualquer tipo de situação que promovesse febre ou se mostrasse como uma infecção.


Precisamos saber que as viroses, tão comuns no nosso meio, provocam situações que estimulam o organismo a se defender e, consequentemente, após alguns dias, criamos ferramentas capazes de destruir os vírus que nos molestam. Esses vírus não são capazes de sucumbir pela ação de antibióticos mas, mesmo na duvida de ser virose ou infecção causada por bactérias, os próprios médicos costumam prescrever antibióticos para se garantirem quanto ao sucesso do tratamento.


Quando o primeiro antibiótico- a penicilina- foi produzida por Alexander Fleming nos anos 40 do século passado, pequenas doses eram eficazes contra bactérias pois não haviam potentes medicamentos contra elas ate então.


A partir do sucesso comprovado contra infecções bacterianas, qualquer tipo de febre, mesmo causadas por vírus, eram tratadas com a penicilina que, pouco a pouco, foi perdendo sua eficácia porque as bactérias sofriam certas mutações e adquiriam resistência a esse antibiótico. Desta forma, os laboratórios passaram a produzir vários outros tipos de antibióticos para combate às bactérias e a resistência aos mesmos sempre ocorre pois os organismos desses micróbios se especializam na defesa contra as armas que foram criadas para aniquila-los.


Esse processo se repete ao longo dos anos até que agora temos a noticia do surgimento de “super-bacterias” que matam e não existem antibióticos conhecidos contra elas.


Essas bactérias nada mais são do que as que existiam nos tempos do lançamento da penicilina que, estimuladas pelos medicamentos que as combatiam, foram se protegendo e criando mecanismos de resistência a essas substancias. A resistência bacteriana se instalou.


No dia 26 deste mês de outubro, a ANVISA (Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria) tomou uma medida publicada (RDC no. 44) que se intitula CONTROLE DE ANTIBIOTICOS que obriga os médicos a receitarem os antibióticos em receitas mais controladas e as farmácias somente poderão vender esses produtos com as respectivas receitas que serão, por si, fiscalizadas pelo órgão regulador.

Ora, esperaram que “os ladrões invadissem a casa para colocarem tranca nas portas” de novo. Sempre espera-se acontecer o mal para que providencias sejam tomadas.Sempre foi permitido que a população comprasse antibioticos nas farmácias como se compra banana nas feiras e agora, quando se prenunciam tragédias, os antibióticos serão controlados na venda, medida que SEMPRE deveria ser adotada.


Nos, os médicos, somos grandes culpados por isso ocorrer pois somos os maiores incentivadores, ao longo do tempo, do emprego indiscriminado de medicamentos desse tipo sempre que queremos tratar algum quadro infeccioso e não sabemos se é causado por vírus ou bactéria.

As escolas de Medicina nos ensinaram a reconhecer e tratar doenças e, nos casos de infecções nem sempre causadas por bactérias, costumamos “atropelar” e fazer uso dessas substancias que são hoje perigosas armas que propiciam o aparecimento de microorganismos que são capazes de se tornar verdadeiros MONSTROS ASSASSINOS que em outros tempos não tão longínquos eram combatidos de forma mais tranqüila.


O alerta já foi dado há anos atrás e nunca foi tomada uma única medida para se evitar o que ocorre hoje. O aparecimento de bactérias resistentes obrigará a realização de estudos cada vez mais caros e a produção de novas substancias também muito onerosas para o combate de infecções bacterianas que, se a Ciencia se preocupasse na melhoria da saúde geral, nem deveriam existir nos nossos tempos.


Mais uma desgraça provocada pelo Homem.


(outubro de 2010)


Fonte : Site Dr.Sergio Vaismann

Um comentário:

TECA disse...

Badu,
Você está certo e tudo que fala em seu texto é verdade mesmo.
Hoje tenho receio de precisar de uma internação pois acho que somos , muito fragilizados por causa do Parkinson.
Creio que até mesmo pessoas mais forte temem uma intervenção cirúrgica pelo risco de contaminação hospitalar.
É desanimador mesmo.
Abraço, amigo.
Teca