A cada cinco minutos, um brasileiro morre de doença cerebrovascular - e o acidente vascular cerebral (AVC) responde por 95% dos casos. Os cálculos são da Academia Brasileira de Neurologia, a partir de dados do Ministério da Saúde recolhidos entre 1999 e 2008. Para tentar diminuir esses números, a pasta lançou na sexta-feira um manual de conduta para médicos, que está sob consulta pública por 30 dias.
O protocolo, publicado no Diário Oficial da União como Consulta Pública N.º 39, pretende orientar a conduta dos profissionais de saúde sobre diagnóstico e tratamento, estabelecer procedimentos para a assistência nos hospitais e incentivar o uso racional de remédios. A pasta quer que as novas diretrizes sejam aplicadas no início de 2011.
Em dez anos, o número de mortes por essas doenças, que além do AVC incluem aneurisma, trombose e embolia cerebral, foi de 903.223 no País, sendo 96,5 mil em 2006. No mesmo ano, segundo o ministério, morreram 69,4 mil pessoas de enfarte, 90,6 mil de doenças isquêmicas do coração e 63,3 mil de outras doenças cardíacas.
"As pessoas precisam saber que a doença existe, que pode ser prevenida e que, se ela se manifestar, pode ser tratada se o paciente chegar rápido a um hospital que esteja preparado", afirmou a neurologista Sheila Martins, do departamento de Doença Cerebrovascular da Abneuro, que promove uma campanha nacional de conscientização e combate à doença, e presidente da ONG Rede Brasil AVC.
Para reduzir sequelas e mortes é necessário atendimento rápido à vítima de AVC, alerta Sheila. Se a pessoa que tem derrame isquêmico - provocado por entupimento de vaso sanguíneo, que corresponde a 85% dos AVCs - for atendida na primeira hora, a chance de se recuperar completamente é de mais de 80%. Para isso, precisa receber o medicamento trombolítico r-TPA, que só pode ser ministrado até 4h30 depois dos sintomas e exige paciente em leito monitorado, atendido por equipe treinada.
Carência de hospitais. O problema é que apenas 62 hospitais no País, dos quais 32 públicos, cumprem esses requisitos. Já foi muito pior: há dois anos, quando a Rede Brasil AVC foi criada, eram 35 hospitais. "A situação melhorou, mas ainda é pouco. Há um envelhecimento da população e falta do controle de fatores de risco, como hipertensão, diabete e colesterol elevado, fumo e arritmias cardíacas, o que faz aumentar as mortes por AVC", afirma Sheila.
Ela explica que as pessoas devem ficar atentas aos sintomas de AVC - dormência, boca torta,dificuldade para falar ou entender a fala e para enxergar com um ou ambos os olhos, tontura, desequilíbrio, falta de coordenação e dor de cabeça.
"Qualquer um desses sintomas isolados já tem chance de ser AVC. A recomendação é que chame uma equipe do Samu, que está preparada para reconhecer os sinais e levar para o hospital de referência".
PARA ENTENDER
1.
O que é o AVC?
É o entupimento (isquêmico) ou rompimento (hemorrágico) de vasos sanguíneos cerebrais. O AVC isquêmico é o mais comum (85% dos casos). Ambos são caracterizados pela perda rápida de função neurológica.
Quais são as causas?
Malformação arterial cerebral (aneurisma), cardiopatia, tromboembolia e hipertensão arterial - a pressão alta, aliás, é um dos principais fatores de risco. O diagnóstico pode ser obtido por meio de exames de imagem, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Os testes permitem ao médico identificar a área do cérebro afetada e o tipo de AVC.
Fonte : Estadão.com.br
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