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segunda-feira, 26 de março de 2012

O paciente de R$ 800 mil

CASO EXTRAORDINÁRIO
A história do rapaz que recebe do SUS o tratamento mais caro do mundo revela um dos maiores desafios do Brasil: resolver o conflito entre o direito individual e o direito coletivo à saúde

16/03/2012  - Capítulo 1 
Como Rafael Favaro ganhou uma briga jurídica e um tratamento de primeiro mundo
Quem acompanha o tratamento médico de Rafael Notarangeli Fávaro – um rapaz de 29 anos formado em gestão ambiental – se convence de que o sistema público de saúde no Brasil é um dos melhores do mundo. (...)  No 2o andar, Rafael é instalado numa confortável poltrona de couro para receber, numa veia do braço direito, uma dose do tratamento mais caro do mundo. De acordo com um ranking elaborado pela revista americana Forbes, nenhum tratamento clínico é tão dispendioso quanto usar o medicamento Soliris (eculizumab) para amenizar as complicações de uma forma raríssima de anemia, denominada hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), causadora de vários problemas que podem levar à morte. O Soliris ainda não é vendido no Brasil. Importado, vem em pequenos frascos.

Cada vidrinho de 30 mililitros custa mais de R$ 11 mil. Em menos de meia hora, a corrente sanguínea de Rafael absorve o conteúdo de três frascos, diluído numa bolsa de soro. São R$ 35 mil a cada 15 dias. Cerca de R$ 70 mil por mês. Mais de R$ 800 mil por ano.

O remédio não cura, mas melhora a qualidade de vida. (...)

Capítulo 2 
O que o caso de Rafael ensina sobre a saúde pública brasileira 
Nos pequenos municípios, as decisões podem ser arrasadoras. É o caso de Buritama, uma cidade de 15 mil habitantes no interior de São Paulo. O orçamento do município para fornecimento de remédios é de R$ 650 mil por ano. No ano passado, mais da metade foi destinada apenas ao cumprimento de demandas judiciais. Um único paciente pediu na Justiça – e ganhou – uma cirurgia de implante de eletrodos para amenizar o mal de Parkinson. Preço: R$ 108 mil. “Todos os pacientes que entraram na Justiça ganharam a causa. E o Judiciário nem mandou o Estado compartilhar os gastos conosco”, diz Nancy Ferreira da Silva Cunha, secretária de Saúde de Buritama. “Essas ações estão acabando com os pequenos municípios.” (segue...) Fonte: Revista Época.

3 comentários:

Anônimo disse...

Caro Senhor Hugo
O que são R$ 800 mil para um paciente jovem, que trabalha, que faz a sua parte na sociedade, se comparado com os bilhões que são roubados apenas pela corrupção oficial? O que vai para a saúde do brasileiro é migalha diante do que se vê,se sabe, se lê, se ouve em toda a nossa mídia. O governo tem que pagar mesmo tudo o que o paciente necessita. Dinheiro não falta.
Marcos

Hugo Engel disse...

Concordo em gênero, grau e número. A vida não tem preço. [ ]'s

Unknown disse...

Essa situação comprova que nossa saúde anda abandonada pois quem deveria cuidar não cuida, as regras do jogo é clara, temos que correr atrás dos nossos direitos.