A distribuição dos primeiros 134 profissionais do Mais Médicos no Estado de São Paulo mostra que o programa federal lançado em julho pela presidente Dilma Rousseff até agora não beneficiou as cidades com piores índices sociais. Os locais com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ficaram de fora na primeira fase, enquanto a maioria entre as 33 cidades contempladas tem altos indicadores de desenvolvimento.
O IDH das cidades é medido pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), por meio da qualidade de vida, com base em indicadores de saúde, renda e educação. Segundo o Ministério da Saúde, um dos critérios para se enquadrar no programa é que o município tenha 20% ou mais da população vivendo em situação de alta vulnerabilidade social.
O município de Ribeirão Branco, no sudoeste paulista, tem o pior IDHM entre as 645 cidades paulistas, mas não se inscreveu no programa. A segunda pior cidade em indicadores sociais, Barra do Turvo, no Vale do Ribeira, está na lista das cidades inscritas, mas não foi contemplada. Já a cidade com o maior IDHM de São Paulo e do Brasil, São Caetano do Sul, já foi escolhida para receber dois médicos brasileiros. O município de Santo André, em sétimo lugar no ranking paulista, terá um brasileiro e um estrangeiro.
Ao destinar 55 médicos brasileiros e 82 estrangeiros (entre eles três cubanos) para o Estado de São Paulo, o programa não encaminhou um único profissional para as regiões mais pobres do Estado, o Vale do Ribeira, o Sudoeste Paulista e o Pontal do Paranapanema. No Vale do Ribeira, 13 cidades aderiram ao programa, mas nenhuma foi selecionada na fase inicial.
Fim da lista. Entre os municípios contemplados com médicos, o pior no ranking social estadual é Santo Antônio de Posse, na região de Campinas, em 574.º lugar. Os 71 que estão em situação igual ou pior não foram incluídos, embora 41 desses tenham pedido médicos. A própria Santo Antônio de Posse não havia sido escolhida por nenhum profissional, mas foi selecionada pelo Ministério da Saúde como uma das três cidades paulistas que vão receber um cubano (as outras são Pedreira, na região de Campinas, e Embu-Guaçu, na Grande São Paulo)
Um comentário:
A questão da "importação" dos médicos é bastante polêmica. A começar pela dispensa do exame para médicos formados no exterior, passando pelo corporativismo da classe e culminando com os cubanos, terceirizados, com pagamento ao governo de Cuba, e não aos profissionais diretamente. Só concordo com a importação. Discordo do corporativismo, da dispensa do exame e da terceirização.
Postar um comentário