E quem sabe, num futuro um pouco mais distante, será possível, por essa mesma técnica, fazer o diagnóstico precoce de novos casos de câncer, antes mesmo de o tumor se tornar visível ou palpável por qualquer exame tradicional.
É o que indicam dois trabalhos publicados na edição desta semana da revista Science Translational Medicine, que atestam a eficácia do uso de DNA tumoral circulante (ctDNA, em inglês) como marcador sanguíneo para o diagnóstico e monitoramento de vários tipos de câncer.
Eles mostram que é possível, por meio da análise de fragmentos de DNA das células tumorais que “vazam” para a corrente sanguínea, identificar características genéticas do tumor e monitorar a evolução da doença no decorrer do tratamento – para detectar, por exemplo, a ocorrência de metástase (quando células do tumor primário se espalham para outros órgãos) ou o surgimento de mutações importantes para o direcionamento da terapia (por exemplo, mutações que tornam o tumor mais agressivo ou resistente a determinadas drogas) .
Tudo isso por meio de exames de DNA no sangue, que os cientistas apelidaram de “biópsia líquida”.
A ideia não é nova; já vem sendo testada há alguns anos por vários laboratórios ao redor do mundo. O que os novos trabalhos trazem uma é mais uma “prova de conceito” contundente do seu potencial para aplicações práticas na medicina. A principal vantagem seria a possibilidade de monitorar continuamente a doença por meio de um método relativamente simples, rápido e não invasivo – muito mais prático do que a realização de biópsias “sólidas” de tumores (que muitas vezes estão em locais de difícil acesso no corpo) e muito mais preciso e informativo do que o monitoramento de outros marcadores moleculares, como o PSA, relacionado ao câncer de próstata.
Nenhum comentário:
Postar um comentário