Os cientistas afirmam que essa técnica, denominada "fertilização 'in vitro' com três pais", deveria ser autorizada para testes clínicos, já que tem um enorme potencial médico, assim como para a investigação sobre as células-tronco embrionárias e a clonagem.
Essa tecnologia consiste em extrair o óvulo da mãe da mitocôndria, ou seja, o gerador de energia da célula que é defeituoso, para substituí-lo por uma mitocôndria saudável de outra mulher. Depois de ter sido fecundado pelo esperma do pai no laboratório, o óvulo é implantado na mãe, e a gravidez pode, então, desenvolver-se normalmente.
Esse procedimento foi inventado pelo pesquisador Shukhrat Mitalipov, da Universidade de Ciências e Saúde de Oregon (noroeste dos EUA), que conseguiu dar à luz cinco macacos em perfeito estado de saúde e, agora, propõe-se a usar essa técnica em humanos em testes clínicos.
Todos os anos, de mil a quatro mil crianças nascidas nos Estados Unidos desenvolvem uma doença mitocondrial - a maioria antes do dez anos. Essas patologias são muito variadas e podem afetar o sistema nervoso central, causar cegueira, ou problemas cardíacos.
As doenças da mitocôndria impedem que os nutrientes dos alimentos sejam transformados em energia e, com frequência, resultam de defeitos genéticos causados por mutações no DNA mitocondrial herdado da mãe.
Cientistas nos Estados Unidos já fizeram com sucesso experimentos de fertilização combinando material genético de três pessoas, mas com uma técnica diferente.
Em 2001, pesquisadores de Nova Jersey (leste dos EUA) pegaram o tecido do citoplasma, a envoltura do núcleo do óvulo em uma mulher fértil e implantaram-no depois da fecundação do óvulo de uma mulher estéril. Quase 20 crianças foram concebidas dessa forma nos Estados Unidos.
Esse procedimento trouxe muitas perguntas e levou a FDA a pedir aos cientistas que abandonassem seu uso em seres humanos sem uma permissão especial.
Sobre a nova técnica que a FDA está analisando, o Center for Genetics and Society, um organismo em Washington oposto ao procedimento e que organizou uma petição contra sua aprovação, considera que essa tecnologia "apresenta sérias questões de segurança e éticas para a sociedade".
"É um procedimento biologicamente extremo que supõe um risco para qualquer criança concebida dessa maneira e que questiona um consenso internacional de longa data contra a concepção de humanos geneticamente modificados", afirmou a diretora dessa organização, Marcy Darnovsky, em uma nota.
— Essa técnica carrega um grande número de riscos previsíveis e imprevisíveis para cada criança nascida dessa maneira, assim como para as gerações futuras. Isso pode abrir caminho para uma maior manipulação genética de células germinais
Fonte : Fertilização 'in vitro' com três pais está em debate nos EUA - Notícias - R7 Saúde
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