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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

NÃO! DEFINITIVAMENTE NADA ESTÁ PERDIDO!

Às vezes ficamos tão obcecados com nossos problemas, que chegamos a esquecer das nossas conquistas.

- DIAGNÓSTICO DE PARKINSON, QUE FAÇO AGORA? TENHO PARKINSON, TENHO PARKINSON, TENHO PARKINSON, TENHO PARKINSON. TUDO ESTA PERDIDO, PERDIDO, PERDIDO...

NÃO! DEFINITIVAMENTE NADA ESTÁ PERDIDO!

Eu tenho Parkinson há dez anos, mas estou bem distante de “sentir-me doente”. Sou portadora de Parkinson... e assim como escreveu Magno: “UM COMPANHEIRO QUE NÃO FOI CONVIDADO E QUE AGORA VÃO CAMINHAR LADO A LADO”, e que apesar de não ter sido convidado é um companheiro que vai merecer de nós um tratamento muito especial.

Parkinson é um vento inesperado que destelha nossa casa, mas não leva nosso lar. E como já escrevi em outro texto: “ATITUDE, é sim uma alavanca que nos move para o futuro”. É necessário acreditar. É imprescindível acreditar que somos capazes de reconstruir.

Aquele que volta do meio caminho, é como se não tivesse ido... nadou e morreu na praia e de nada valeram os esforços da caminhada. Na maioria das vezes, a diferença entre o fracasso e a vitória é uma tentativa a mais. Sou vitoriosa porque conquistei a vida e minha medalha de ouro é cada amigo que caminha lado a lado comigo.

A amargura não nos trará soluções aos problemas. A amargura é como uma lente de aumento que os fará ainda maiores, desencoraja-nos, desvia-nos de nosso real objetivo: viver com dignidade.

No início sem orientação, sem muito conhecimento sobre o Parkinson tive medo, isolei-me do mundo, distanciei-me das pessoas, tive depressão, sofri por comportamentos compulsivos, sofri desatenção, omissão, descaso.

Depois de um longo caminho percorrido, muito triste e só, encontrei uma pessoa que muito contribuiu parar o resgate que fiz de mim. Fui à luta. Busquei outros tratamentos, outro médico, outros medicamentos. E no meio do caminho encontrei o grupo da ABP, que reafirmou o poder que tem o amor.

Reavaliando minha vida nos últimos 10 anos, descubro o Sr. Parkinson não como castigo, não como obstáculo, sem mágoa nem culpa. Reconheço nele um sinal de alerta, como se agora ele caminhasse ao meu lado sussurrando em meu ouvido constantemente para me lembrar que estou viva. Às vezes chego a pensar, e talvez eu até esteja certa, que o Sr. Parkinson me veio como uma benção, para me dar uma sacudidela, e também até para eu ter meios de mostrar a algumas pessoas (aquela pequena parcela de pessoas que torcem sempre contra e nem sabem porque), que sou uma pessoa inteligente, interessante, ainda capaz de despertar amor, risos e alegrias em tantas outras.

Aqui reservo-me o direito de sentir-me forte e especial, porque as pedras que apanhei pela estrada me revelam um imenso poder de superação.

Superei a depressão, a compulsão, a dor do desprezo e da omissão, e ainda tenho Parkinson. E então o que mudou? Mudou a visão que tenho da vida, mudou o foco dos meus valores, mudou minha expectativa diante de um sonho, mudaram minhas atitudes e hoje sou um ser humano melhor.

Em princípio pode parecer estranho eu dizer que o Parkinson veio para me fazer feliz, pois após tantas ocorrências ruins, percebo que meu maior problema nunca foi o Parkinson, mas sim a omissão e o desamor.

Para finalizar gostaria ainda de dizer aos meus companheiros portadores de Parkinson: - “NOSSO CORPO TEM PARKINSON, NOSSA ALMA NÃO!”

3 comentários:

Unknown disse...

Tete, um obrigado no fundo do coração, seu texto/depoimento me pegou em cheio. São palavras escritas que procurarei transformar em ações. Um obrigado sincero de alguém ainda assustado com o diagnóstico. Espero conseguuir ser um ótimo companheiro parkinsoniano de corpo porém manter-me uma pessoa boa de alma...ou melhor apesar da nova "capa" parkinsoniana continuar o meu caminho de evolução. De alguém que adorou seu depoimento...Doca - Valinhos e vamos em frente que o bonde não para.

Anônimo disse...

ola Tete,
estou supresa com seu depoimento,sobre o Mal de parkinson
Sou esposa de um portador dela,não sei como lidar ,pois tudo começou a dois anos,e com todos os medicamentos nada mudou ,só piorou ,ele ficou muito lento,em todos seus movimentos.Isso o deixa abalado, só querendo ficar deitado,sofro com isso por não saber o que fazer,muitas vezes .OBRIGADA PELA ATENÇÃO!!!!!!!!

Baldoino disse...

É infinitamente gratificante ter depoimentos como o da Tete, uma guerreira valorosa, um exemplo vivo de superação que serve de alerta para todos que foram surpreendidos com o diagnostico.
São guerreiras como Tete e outras amigas e amigos do nosso meio que nos mostra como é importante lutar e nunca desistir e que o Pk pode dar a volta por cima e conviver normalmente com DP apesar das limitações que a doença impõe.
Obrigado minha amiga por estar conosco nessa batalha.