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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Devemos sobreviver à nossa própria visão da vida

Carl Gustav Jung disse certa vez que nós “devemos sobreviver à nossa própria visão da vida"
Um sábio conselho.
Mas hoje já não queremos somente sobreviver, queremos viver bem, e isso é uma arte.


Arte do discernimento, talvez da busca, da paciência, do prazer ... tantas artes quantas vidas.


De qualquer modo, eu gosto da palavra “arte” aqui, porque ela nos leva para longe dos lugares comuns. Vamos para aquilo que nos parece mais genuíno, mais profundo, mais verdadeiro em nós e sugere uma síntese absolutamente individual.


E, nessa intimidade, encontrar as saídas e os sentidos que têm a força de tornar a arte de cada vida única, possível.


A sua melhor composição.


Mas isso não é fácil, nem tão simples assim, principalmente num mundo que preconiza soluções fáceis, rápidas e eficientes para quase tudo.


Onde mulheres temem a velhice como um erro.


Onde a necessidade de reflexão e descanso é vista como preguiça , depressão, ou perda de tempo.


Onde um homem de 35 anos vive um fracasso profissional como falência existencial.


Onde Anorexia e Obesidade parecem distúrbios também na área dos afetos, da família, do trabalho, do lazer e do amor.


Mas o principal , a meu ver, é que quando ingenuamente incorporamos esses ideais rápidos e eficientes de felicidade e bem estar, estamos proporcionalmente acumulando uma frustração subterrânea crônica.


E não poderia ser esse um dos motivos da depressão moderna ?
E , pior , provavelmente falharemos conosco no momento em que a dor, a perda ou o fracasso chegarem . Porque eles serão vistos como intrusos, inimigos e não seremos mais solidários conosco, nem pacientes, nem carinhosos.


Não podemos evitar o mau tempo.
Mas se você toma a chuva por inimiga, vai ficar estressado de ter que usar o guarda-chuva, ou vai esquecê-lo em casa.


Ter boa vida não significa viver bem.
E nada contra os fantásticos meios modernos de ajuda, mas só quero aqui ressaltar que você continuará sendo, e sempre foi, o principal ingrediente na solução dos seus problemas, na cotidiana arte de viver.


(Regina Helena Horta Sampaio - Psicóloga Clínica
Especialização em Psicologia Analítica pela AJB
email : reginahhsampaio@terra.com.br)

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