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sexta-feira, 16 de julho de 2010
Parkinson: diagóstico, tratamento, cuidados. [PARTE18]
Quem cuida precisa de cuidados
A maioria das pessoas que se dedica integralmente a um familiar doente acaba se esquecendo da própria saúde. Mas é preciso (e possível) investir no bem-estar físico e emocional destes cuidadores [POR EULINA OLIVEIRA]
Eles passam boa parte do seu tempo se dedicando a outras pessoas que, sem a ajuda deles, não conseguiriam atender às próprias necessidades básicas, como comer, trocar de roupa, tomar remédios e fazer a higiene pessoal. De tão dedicados, esquecem-se da própria saúde e sofrem desgastes físicos e emocionais. São os chamados cuidadores, que podem ser formais (profissionais remunerados) e informais (geralmente um parente da pessoa a ser cuidada). São estes últimos, aliás, os sujeitos às maiores cargas de estresse, especialmente por causa do vínculo afetivo com o paciente.
“Há cuidadores homens, que em geral são maridos e voluntários, e até mesmo crianças. Mas, em sua grande maioria, os cuidadores informais são mulheres, principalmente esposas e filhas de pacientes com doenças que causam algum grau de dependência em suas atividades diárias”, afirma o geriatra Ciro Augusto Floriani, professor da Faculdade de Medicina do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), de Teresópolis (RJ).
Uma característica freqüente é que esses indivíduos quase sempre desempenham sozinhos esta função. Muitos têm de abrir mão do emprego e da própria vida pessoal para se dedicar 24 horas à pessoa que depende totalmente de seus cuidados, e acabam ficando sobrecarregados.
“Os problemas mais comuns são os relacionados à exaustão física, emocional, social, financeira, material e existencial”, destaca Floriani. E ele alerta. “Já existem estudos consistentes que mostram um risco aumentado de morte e de eventos cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, entre mulheres cuidadoras de seus maridos, somente pelo fato de exercerem essa tarefa.”
Mesmo no caso dos cuidadores formais é preciso preparo físico e psicológico para exercer esta atividade. “Muitas pessoas simplesmente não aguentam desempenhar esta função, pois o desgaste é muito grande”, diz Regina Célia Popim, doutora em enfermagem e professora da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
De acordo com Regina Célia, coautora do livro O cuidar em oncologia (Ed. Unesp), a pessoa que toma conta de uma outra deve procurar oportunidades para não se exaurir. “É muito importante ter uma atividade paralela que traga prazer e bem-estar, como fazer ginástica, ler livros e ouvir música clássica”, sugere. “Uma outra possibilidade é fazer terapia ou buscar grupos de apoio.”
Alguns indivíduos parecem mais fortes que outros para cuidar integralmente de alguém. Na avaliação do geriatra Ciro Floriani, não se trata de vigor, mas de decisão e disponibilidade. “É importante registrar que esta disponibilidade pode ter um limite, e a família deve oferecer meios de ajuda a este cuidador. Caso contrário, teremos duas pessoas adoecidas: aquela que está dependente de cuidados e o cuidador”, garante o geriatra.
O ideal é que o cuidador divida, na medida do possível, a tarefa com outras pessoas, e busque tempo para se dedicar a si mesmo — o que inclui seu bem-estar e sua saúde.
DICAS VITAIS PARA O CUIDADOR
SER REALISTA CONSIGO MESMO - o cuidador não é o super-homem ou a mulher-maravilha; ele não consegue resolver tudo sozinho e isto precisa ser reconhecido.
ACEITAR SEUS SENTIMENTOS - raiva, culpa, fadiga, falta de esperança e solidão são sentimentos perfeitamente normais e conviver com eles não é sinônimo de ser um mau cuidador. A percepção destes sinais é fundamental, assim como pedir ajuda a parentes e amigos sempre que necessário.
DEMONSTRAR SEUS SENTIMENTOS - uma pessoa não pode ficar bem consigo mesma se esconder seus medos, receios e inseguranças. É preciso ter com quem desabafar: conversar com amigos e familiares ou participar de grupos de apoio ajuda muito.
CULTIVAR UMA RELAÇÃO DE OTIMISMO E O BOM HUMOR – tentar identificar as coisas boas e alegres no relacionamento com o paciente. Sempre que possível, divirta-se e ria com ele, veja filmes de interesse comum, ouça música, dance, pinte…
TER SEU PRÓPRIO TEMPO - procurar fazer exercícios, ler livros, praticar jardinagem e ir ao cabeleireiro, entre outras atividades simples, levam o cuidador a desempenhar melhor a sua função, ao mesmo tempo em que preservam sua identidade.
PROCURAR SE INFORMAR O MÁXIMO POSSÍVEL - por meio de profissionais, livros, cursos e outras fontes a respeito da doença do paciente. Assim o cuidador poderá explicar a enfermidade aos familiares e amigos. Isso ajuda a ampliar o leque de colaboradores e cuidadores, além de melhorar o zelo pela pessoa dependente.
Fonte: Revista Viva Saúde
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