Células-tronco especiais
Existe um grupo de células-tronco adultas que são muito especiais. São as chamadas células-tronco mesenquimais (CTM). Embora elas não tenham a versatilidade das células-tronco embrionárias elas conseguem se diferenciar em quatro linhagens celulares muito importantes: muscular, adiposo, cartilagem e osso.
Quem dentre nós pode garantir que não vai precisar algum dia regenerar um desses quatro tecidos? Mas para quem trabalha com doenças neuromusculares, e busca a regeneração do tecido muscular, essas células têm um significado todo especial.
Uma grande questão é: as CTM são todas iguais ou será que elas têm vocações diferentes para formar um ou outro tecido preferencialmente?
Onde estão as células-tronco mesenquimais?
Em primeiro lugar, onde encontrá-las? São células-tronco retiradas de tecido adiposo, cordão umbilical, polpa dentária, trompa de Falópio descartada em operação de laqueadura e até sangue menstrual. Aproveitamos todos os descartes biológicos. Por isso se você não guardou o sangue do cordão umbilical de seu filho, não se preocupe. Existem outras fontes muito mais ricas que o sangue do cordão em CTM.
As CTM de diferentes tecidos são todas iguais?
Nossa equipe no centro do genoma humano tem se dedicado a descobrir qual é a vocação de cada uma delas. Será que são todas equivalentes ou elas guardam a memória de onde vieram? Para responder a essa questão comparamos células-tronco obtidas de tecido adiposo (descartado em cirurgias de lipoaspiração) e de cordão umbilical ( o tecido, não o sangue). Essas células foram injetadas em camundongos que têm uma forma de distrofia semelhante à doença humana.
Apresentam uma degeneração muscular e uma fraqueza progressiva. E o que observamos? Quando cultivamos essas células no laboratório, elas pareciam iguais: tanto as de tecido adiposo como as do cordão se diferenciavam em células musculares. Mas na hora de injetá-las na veia caudal dos camundongos, o comportamento foi outro. As duas se dirigiram aos músculos dos animais afetados, mas só as de tecido adiposo conseguiram formar células musculares.
Será que guardavam na sua memória que enquanto viviam no tecido adiposo estavam em contato mais direto com o tecido muscular do que as originadas do cordão umbilical? (...)segue
Fonte : Revista Veja - Mayana Zatz
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