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sábado, 15 de janeiro de 2011

"Há evoluções imprevistas das doenças"

Neurocirurgião Director do Serviço de Neurocirurgia do S. João.

É possível curar a doença de Parkinson?

Não há cura para a doença de Parkinson. É uma doença degenerativa, em que os neurónios de uma determinada região do cérebro, que produz a dopamina, vão morrendo. Quando surgem os sintomas [tremores, rigidez] cerca de 80% das células já se perderam. Não há nenhuma forma de travar a progressão da doença e muito menos de recuperar as células que já morreram.

É possível a doença evoluir de forma inexplicável, que possa ser apelidada de milagrosa?

Há evoluções imprevistas das doenças para as quais não temos uma explicação científica racionalmente, é verdade. Para as quais não há uma explicação lógica. Mas quando falamos de milagres estamos no domínio da fé.

Além de evoluções inexplicáveis no sentido da cura, também há evoluções inexplicáveis no sentido oposto?

Sim, também há evoluções imprevistas nesse sentido, quer em situações agudas, quer em doenças crónicas. Situações em que o estado do doente piora inexplicavelmente. Tem que ver com o comportamento biológico da lesão - é geralmente este o chavão utilizado nessas situações.

Acha que alguma vez conseguiremos explicar tudo, neste campo?

Não sou capaz de ler o futuro, mas se olharmos para trás e para o caminho que percorremos não podemos deixar de ficar optimistas. Há 50 anos sabíamos muito me-nos e daqui a 50 anos estaremos bem mais à frente em conhecimento. Os médicos são, por isso, geralmente optimistas.

Como médico e cientista, acha que são possíveis milagres?

Além de médico e cientista, também sou cristão e católico e não recuso liminarmente essa hipótese.

Fonte : DN Globo

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