Do doloroso veneno da vespa pode vir a esperança de tratamento para duas doenças neurológicas ainda incuráveis: a epilepsia e o mal de Parkinson. Pesquisadores brasileiros extraíram, da peçonha desse inseto perigoso, moléculas que se mostraram eficientes em testes com animais para impedir o avanço de ambas as enfermidades.
As pesquisas, apresentadas durante a 29ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental, realizada na semana passada em Caxambu (MG), são fruto de 10 anos do trabalho com vespas sociais feito pela bióloga Marcia Mortari e sua equipe na Universidade de Brasília (Unb). Em laboratório, o grupo extrai peptídeos do veneno desses insetos e os analisa em busca de algum que tenha efeito benéfico para a saúde.
Mortari: “Essa substância mostrou ação imediata e capacidade de impedir a morte dos neurônios em qualquer nível da doença”
Recentemente, depois de estudar cerca de 40 substâncias do veneno, os pesquisadores se depararam com uma molécula natural que parece ter potencial no combate à doença de Parkinson, desordem neurogenerativa que afeta a região do cérebro ligada ao controle fino de movimentos. Batizada de fraternina, a substância foi capaz de impedir o avanço da doença em animais em pequenas doses.
A injeção de quatro doses de 10 microgramas de fraternina em camundongos protegeu os neurônios do cérebro dos animais, que tiveram uma lesão progressiva intencionalmente provocada para simular o Parkinson. A substância impediu que as células cerebrais fossem destruídas pela doença. “Essa substância mostrou ação imediata e capacidade de impedir a morte dos neurônios em qualquer nível da doença”, diz Mortari. “Se administrada em um paciente com diagnóstico precoce, poderia coibir as sequelas motoras.”
Fonte : Veneno que cura — Ciência Hoje
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