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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

As células-tronco têm memória

Na semana passada, eu contei o resultado de nossas pesquisas mostrando que células-tronco de tecido adiposo têm mais “vocação” para se diferenciar em células musculares do que as retiradas de cordão umbilical. Mas só descobrimos isso quando injetamos as células em modelos animais. Quando cultivadas em laboratório, elas pareciam igualmente dispostas a se diferenciar em músculo. Parece que isso também ocorre com as famosas células IPS – do inglês induced pluripotent stem-cells. Um trabalho recente publicado na revista Nature pelo grupo liderado pelo pesquisador George Daley mostrou que em camundongos as células IPS também têm memória.

Células IPS
Recordando, as células IPS foram descobertas em 2007 pelo pesquisador japonês Shynia Yamanaka. São células adultas reprogramadas que seriam potencialmente iguais as embrionárias.

Se comprovado, isso evitaria toda a polêmica ética relacionada à destruição de embriões. Mas será que elas são mesmo iguais às embrionárias, aquelas obtidas de embriões congelados que sobram em clínicas de fertilização? Esse foi o tema de um debate muito interessante em São Francisco, por ocasião de um congresso internacional sobre células-tronco. O pesquisador japonês mostrou o avanço de suas pesquisas e a possibilidade de conseguir células IPS que seriam aparentemente iguais às embrionárias e não teriam o risco de formar tumores.


Um banco de células IPS
O Dr. Yamanaka estava tão entusiasmado com suas células que propôs a criação de um banco de células IPS. Na população japonesa seria muito mais fácil ter uma coleção que fosse compatível com a maior parte da população do que no Brasil com nossa imensa variabilidade étnica. Se confirmada a possibilidade de fazer qualquer tecido a partir de uma célula IPS criar bancos como esse seria fantástico. Fiquei imaginando o futuro. Você iria lá, identificaria a linhagem compatível com você e poderia encomendar qualquer órgão: um fígado, um rim, um coração. Seria como um carro repondo as peças que não funcionam. Mas ainda não chegamos lá. (...) segue

Fonte : Revista Veja - Genética/Mayana Zatz

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