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sábado, 6 de agosto de 2011

A ciência do otimismo


Nascida no fim do século 20, a psicologia positiva propõe uma mudança de postura com conseqüências revolucionárias para essa área: estudar tanto o que vai mal como o que vai bem na psique da pessoa, e extrair desse lado saudável os elementos básicos para a cura


Uma novidade está ganhando força na psicologia, e seu êxito pode significar uma reviravolta e tanto numa área tão habituada a lidar com o lado escuro da mente humana. Intitulada psicologia positiva, essa corrente se baseia numa mudança básica de perspectiva: em vez de se concentrar nas falhas de seus pacientes, os profissionais preferem focar inicialmente as forças e virtudes dessas pessoas. É a partir daí que os pacientes ganham condições de superar tanto os obstáculos de agora como outros que poderão surgir.
A psicologia positiva é uma reação à tendência do setor de ressaltar apenas os estados e aspectos negativos da psique humana. Essa tendência - baseada na crença de que a virtude e a felicidade são estados inautênticos e, em última instância, a pessoa acaba por voltar a um padrão negativo - vem de muito longe, afirma Martin Seligman, professor de psicologia da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos.
"Sua manifestação primeira é a doutrina do pecado original. Na sua forma secular, Freud trouxe essa doutrina para a psicologia do século 20, na qual ela se entrincheirou e permanece firme no pensamento acadêmico atual", explica Seligman.
Segundo Alex Linley, professor de psicologia na Universidade de Leicester (Grã-Bretanha), o problema também possui razões políticas e econômicas. Após a Segunda Grande Guerra, o governo norte-americano investiu pesado no estudo de distúrbios psicológicos, como o estresse traumático, a ansiedade e a esquizofrenia.
Isso levou os pesquisadores a se concentrar nessas áreas de estudo, situação que só mudaria nos anos 1960, com o surgimento da psicologia humanística de Abraham Maslow. Mas esse movimento nunca penetrou no mundo acadêmico e, depois, com o advento da psicologia cognitiva (o segmento que estuda a percepção, o pensamento e a memória), ficou ainda mais deslocado.
A falta de rigor científico típica de muitos adeptos da psicologia humanística prejudicou a sua credibilidade ao mesmo tempo que fortalecia o setor de auto-ajuda - uma distorção que a psicologia positiva busca corrigir. "Muitos livros de auto-ajuda foram lançados com conceitos baseados em emoção e intuição", comenta o psicólogo israelense Tal Ben-Shahar. "A psicologia positiva combina isso com a razão e a pesquisa", explica.

Fonte: Revista Planeta - Edição 422



http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/422/artigo69685-1.htm

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