por Carlos Orsi Seção: Filosofando Física
Poucas palavras são tão abusadas quanto “energia”. Cantores pop mandam e pedem “energia positiva” da plateia; astrólogos gostariam de nos fazer acreditar que determinadas configurações planetárias enviam “energias” deste ou daquele tipo para pessoas nascidas em determinadas datas; e há ainda quem diga que cores, pedras ou sons podem ajudar a “harmonizar as energias”.Veja bem, nada tenho contra sentidos figurados. Como escritor, estou perfeitamente familiarizado, e sou um grande entusiasta, da rica prática literária e retórica de utilizar as palavras conotativamente.
No caso de “energia”, porém, parece haver uma tentação constante de tirar a palavra de seu contexto técnico-científico — tomá-la como metáfora, portanto — enquanto se finge ou se imagina que a autoridade e as propriedades derivadas desse contexto se transferem, intactas, para o uso figurado.
Mencionar a equivalência física entre matéria e energia pra defender, digamos, o poder do pensamento positivo é um caso clássico do tipo de confusão a que me refiro e que, muitas vezes, chega a soar como má-fé.
Tecnicamente, energia é a capacidade de realizar trabalho. “Trabalho”, nesse contexto, é uma transformação física — uma mudança na posição, velocidade, tamanho, formato ou temperatura de alguma coisa.
Energia pode vir em vários sabores: química, mecânica, elástica, gravitacional (mas certamente não “psíquica” ou “espiritual”).
Às vezes pode até fazer sentido tratá-la como negativa ou positiva — por exemplo, se você der o sinal de menos (-) à energia gasta numa parte de um movimento cíclico e o de mais (+) à outra parte, a energia total do ciclo fica sendo zero, o que talvez seja conveniente para facilitar os cálculos. Mas o caso não tem nada a ver com bom ou mau humor, pensamento positivo ou negativo, doença ou saúde. (...) segue
Fonte : Estadão.Com.Br - blogs
Um comentário:
Gostei da matéria, mas não é tão simples falar de energias, existe muita coisa que a ciência e a humanidade ainda não estão preparadas para receber. Estamos no primeiro degrau desse conhecimento tem muita água para rolar...
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